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sábado, 26 de março de 2011

Meryl Job, Criadora do Videdressing na França

Foto: Renaud e Meryl

Meryl Job, Americana, CEO da Videdressing SAS, formada em Ciências Políticas com mestrado em comunicação e marketing, casada com Renaud Guillerm é a entrevistada do Nosso Blog. Confira.

1) Você é americana, de pais indianos e vive em Paris com Renaud, seu companheiro francês. Isso faz de você uma campeã da diversidade, não?
Venho de uma família internacional, meus pais viajaram muito. Eu sempre tive em mim esse desejo de viajar, de descobrir novas culturas e de viver fora do meu país. Sou feliz por ter a oportunidade de viver e trabalhar em Paris, isso me deu a chance de conhecer melhor a cultura francesa, e em particular a moda francesa que eu adoro.
2) E agora o seu site chega ao Brasil. Fale-nos sobre isso...
Estamos super felizes de exportar o conceito Videdressing para o Brasil, país muito dinâmico sob todos os pontos de vista, econômico, financeiro, mas também humano e social. Os brasileiros adoram moda e além de procurarem pelas famosas grifes de luxo internacionais, eles tem sua própria indústria de moda que se desenvolve rapidamente o que permitiu o aparecimento de grandes marcas como Rosa Chá, Reinaldo Lourenço ou Triton, entre outras.
E mais particularmente, estamos muito felizes por colaborar com vocês. Vocês são profissionais da moda e da internet e nós confiamos em sua capacidade de lançar o site no mercado brasileiro.
3) Como você teve a idéia de criar o site Videdressing?
Foi quando eu trabalhava nos departamentos de marketing do setor de luxo (Chanel) e da cosmética (L´Occitane en Provence) que descobri com minhas colegas de trabalho as vendas privadas parisienses. Acabei comprando demais ao ponto de não ter mais lugar para guardar as coisas no meu armário. Eu procurava uma solução para revender as roupas e acessórios que eu não usava mais.Comecei procurando nos brechós físicos mas achei que cobravam uma comissão muito alta (50%), e ainda não pegavam tudo, dependia das marcas. Procurei na internet mas na época só tinha grandes sites C2C que vendiam de tudo um pouco, brinquedos, computadores, roupas. Esse tipo de site muito geral não me parecia adaptado para a revenda de artigos de moda que para mim precisava de um tratamento específico. Descobri então que faltava uma oferta adequada para responder a essa demanda e pensei que haveria milhares de mulheres na minha situação. Foi assim que eu criei a ferramenta Videdressing do jeito que eu queria.
4) Quando vocês começaram, há um ano atrás, você imaginava o sucesso internacional da sua idéia? Em breve o seu site está indo também para a Inglaterra.
Claro, sempre esperei que o site tivesse muito sucesso mas nunca teria imaginado que o Brasil fosse o primeiro país seduzido pela idéia e o primeiro a replicá-la. Estamos pensando sim em lançar o site na Inglaterra e em alguns países asiáticos.
5) Qual o resultado de 2010 e qual o volume de negócios esperado em 2011?
Terminamos o exercício de 2010 com 328 mil euros e esperamos fazer 3 milhões de euros em 2011.

terça-feira, 15 de março de 2011

Estamos em treinamento

Foto: equipe Videdressing França com Jérôme, em Paris
Foto: Jérôme, Meryl e Renaud, fundadores de Videdressing França
Jérôme está em treinamento na Videdressing França para poder oferecer aos brasileiros um site tão bom quanto o da França. Assim que retornar ele nos dirá aqui como foi a viagem!

quarta-feira, 9 de março de 2011

Antropóloga aponta tendências de comportamento e estilo de vida para mulheres


Esta entrevista foi publicada no site DONNA ZH ONLINE por Patrícia Rocha. A entrevistada é a antropóloga Ligia Krás, consultora da Mindset, agência especializada em comportamento de consumo. A mulher de hoje é uma consumidora muito mais consciente. Veja o que diz Ligia.



Pergunta — A curto prazo, no campo da moda, do consumo e, consequentemente, do estilo de vida, quais as principais tendências observadas para as mulheres hoje?

Ligia Krás — Na moda, a tendência é cada vez menos apontar cartelas de cores e tecidos e estilos, porque as mulheres não obedecem mais fielmente isso de seguir "a cor da estação". A moda hoje é livre, é mistura de estereótipos, é quebra de rótulos, o moralismo não se aplica mais ao mundo da moda — e essa é cada vez mais uma tendência. As pessoas querem ver atitudes, cultura, histórias e comportamento sendo expressados na moda, não há mais lugar para apontamentos vazios. O que justifica que o amarelo e o marrom vão estar na moda no outono, mas não no inverno? É vazio, não tem argumento, moda sem argumento não tem mais espaço para mulheres inovadoras.

Já na área do consumo, o consumo sustentável tem sido movido principalmente pelas mulheres, que cada vez mais tendem a ficar de olho nas empresas e iniciativas relacionadas a contenção de água, reciclagem de plástico, economia de luz, e cada vez mais, produção sustentável na moda, com reutilização de tecidos e roupas usadas por exemplo.
Quanto ao estilo de vida, as mulheres cada vez mais estão apostando no resgate da interação real, do olho no olho. Isso não significa abolir o virtual, a internet ou as redes sociais, mas estabelecer limites para si próprias, seus filhos e os que as rodeiam, visando promover um contato real, vivências e experiências que possam ser compartilhadas e lembradas para sempre.


Pergunta — O consumo de produtos com tecnologia sustentável é uma das tendências que deverão perdurar a longo prazo?

Ligia — Sim, é uma tendência que deve perdurar, mas é importante destacar que não o consumo da ideia sustentável, isso de estampar em qualquer produto "reuse, recicle e reutilize" e as pessoas comprarem sem analisar se aquilo realmente tem uma proposta sustentável, o histórico da produção, a quem vai beneficiar... Isso não vai mais acontecer. O que se observa, principalmente no consumo das mulheres, é uma fiscalização cada vez maior em relação a isso. Se a empresa ou marca tiver adotado um discurso enganador a tendência ao boicote é ainda maior.



Pergunta — Há quartos de hotel e acessórios de carros feitos para agradar às mulheres. Contudo, na sua opinião, a tendência aponta para produtos e serviços pensados especialmente para mulheres ou, ao contrário, para uma segmentação mais específica, para além da questão de gênero? 

Ligia — O que eu poderia dizer é que não observo as mulheres querendo o tempo todo coisas feitas para ela. Isso porque em algumas dessas produções acaba-se reproduzindo estereótipos que não condizem com o pensamento da mulher contemporânea, como por exemplo de tudo ser cor-de-rosa ou com traços que remetem ao sexo "frágil". A mulher não quer ser tratada com diferença. O homem tem produtos feitos pra ele? Não. Porque a mulher teria que ser vista como um "segmento"? Uma coisa é você adequar necessidades específicas, por exemplo, as mulheres precisam de calças jeans com quadril arredondado, maior, etc. As mulheres precisam de remédios que aliviem cólicas menstruais, etc. Mas criar laptop pra mulher, carro pra mulher, não me parece que é o tipo de coisa que está na mira de mulheres.



Pergunta — Quando pesquisam tendências, como vocês pensam e subdividem o público feminino? Por faixa etária, afinidades, classe social ou que outros quesitos? Enfim, quais são os grupos de mulheres que se impõem hoje por compartilharem demandas e expectativas similares? 

Ligia — Quando se pesquisa tendências, está acima de tudo pesquisando o comportamento humano. No caso das mulheres não é diferente. Hoje em dia existem pessoas que não gostam da palavra "tendência" por ela ter sido muito tempo equivocadamente associada a coisas passageiras, futilidade e frivolidade. O que pesquisamos e traduzimos na palavra tendência são hábitos, atitudes, aspectos culturais e comportamentais das mulheres. Temos hoje uma demanda grande de trabalhos cujo perfil principal de investigação são as mulheres, dessa forma pesquisamos mulheres dos mais diferentes perfis, classes sociais e faixas etárias. Todas nos interessam e são analisadas. Para alguns trabalhos, buscamos nos guiar pelo comportamentos das mulheres mais inovadoras, que estão assumindo comportamentos ainda pouco observados na sociedade,mas que acreditamos que tendem a se disseminar. Em outros queremos conversar com aquelas que compoem a grande maioria da sociedade brasileira, por exemplo, observar seu cotidiano, suas motivações e hábitos.



Pergunta — Celebridades servem hoje como parâmetro e garotos-propaganda de produtos e estilo de vida: o que vestem, o que comem, a dieta que seguem, onde passam as férias, o nome com que batizam os filhos etc. Quem mais dita tendências hoje para as mulheres? E no futuro quem mais deverá ocupar esse lugar?

Ligia — Quando você pergunta "quem" dita as tendências, me vem na cabeça uns 10 nomes e cada um dita tendência para um tipo de mulher diferente. Essa onda de it girls como Alexa Chung, que é quem muitas pessoas acham que deveria ser a eleita para essa pergunta, já está passando, se já não passou. Eu particularmente me sinto muito mais representada pela Edie Sedgwick nesse papel de it girl quando o assunto é moda e atitude do que por Alexa — e certamente vai ter alguma outra mulher que irá sugerir um terceiro nome e assim vai. Quem mais dita tendências para as mulheres hoje são elas mesmas, são as certezas que tem de sua capacidade, a busca pela inovação, as celebridades são elas. Bem, futuro? O futuro aqui vem com uma frase do passado bem feminista, de Simone de Beauvoir e real cada vez mais "ninguém nasce mulher, torna-se mulher". É isso que observamos cada vez mais, o mundo inteiro fez alarde por Lea T. mas a realidade é que cada vez mais se observa a diminuição da fronteira entre os sexos. O passado foi dos homens, o presente é das mulheres, acredito e espero que o futuro seja da humanidade.